sábado, 13 de julho de 2013

[Pós-Jogo] Palmeiras 4 - 1 ABC

Foto: Bruno Santos/Terra
Por Dimitrius Pulvirenti

Ela não desiste. É difícil explicar, mas não consegue ficar longe de você. Se sente mal, passa os dias resmungando, pensando em te ver. Você voltaria hoje daquela excursão pelo interior que foi obrigado a ir. E ela pensou em você o dia inteiro, imaginando cenários para a sexta-feira à noite.

Vestiu aquela roupa verde que você adora e saiu de casa. Chegou nervosa, mas confiante. Entrou na festa, se acomodou e esperou você chegar. Não aguentou de emoção quando te viu e quis chamar sua atenção: pulou e cantou, mostrando a beleza e tudo que preparou pra te ver.

Você estava pronto. Passou quase um mês ensaiando o que fazer. Mas agora era difícil, era muito difícil. Por que é que, depois de tantos anos de conquistas femininas, ainda é quase sempre o homem o responsável pela iniciativa? É muita pressão e você é inexperiente nisso tudo.

Pra piorar, o que você não esperava aconteceu: outro cara foi conversar com ela. Você não esperava que atacassem dessa maneira, sem dar espaços para você. Ficou ansioso, sem saber o que fazer. Mas o tempo passou e foi se recompondo. Decidiu esperar pelo momento certo. Você sabia que ele não aguentaria essa pressão o tempo inteiro. A chance chegaria.

E chegou. Quando ele se descuidou, você correu como num contra-ataque. Fez o que ensaiou sem nem pensar direito, assim de memória, bonito de ver. E conforme falava, ela mal se segurava de ansiedade. Suas pernas tremiam e ela abriu ainda mais os olhos sedenta pelo que vinha depois. Explodiu de emoção quando ouviu sua declaração final, o clímax da felicidade, pulou de emoção em você.

Nas arquibancadas do Pacaembu, a torcida agora cantava o seu amor por você para quem quisesse ouvir e Wesley não continha a felicidade ao fazer seu primeiro gol com a camisa do Palmeiras e o primeiro da partida contra o ABC. Ela que quase chegou a pagar para tê-lo aqui, agora o aceitava. O adversário mal acreditava no vacilo que cometera.

Foto: Bruno Santos/Terra
O segundo gol veio como um primeiro beijo. Inesperado, meio sem ângulo, mas inesquecível, porque com paixão, com vontade, com a sensação de que dali ainda virão outros. Uma bomba de fora da área, com a qual Luís Felipe coroava seu retorno em bom nível ao Palmeiras, depois de recorrentes empréstimos.

Entretanto, amor e jogo de futebol não se ganha na véspera, e você mal podia acreditar que, por pouco, não era o ABC comemorando. Porém, depois que estavam juntos, tudo pareceu mais fácil, mais calmo. E você foi caindo na rotina, no tiki-taka chinfrim, na falta de criatividade, sem nenhum elemento surpresa.

Mas percebeu quando ela começou a fazer cara feia e decidiu lembrá-la de que ainda tinha algo mais a mostrar. Wesley lançou Charles, que driblou o goleiro e caiu. O árbitro apontou pênalti e a torcida pedia um gol do craque. Você fez charme e negou. Sabia o que estava fazendo, porque foi lentamente se aproximando, esperando o momento certo para tomar uma decisão, mostrando uma categoria que ninguém sabia que você tinha. E marcou mais um. Vinicius, com uma calma que ninguém podia acreditar que tinha, lembrou Evair e tirou facilmente do goleiro. 3 a 0 para o Palmeiras.

O quarto gol veio como uma homenagem a uma torcida que esperava uma noite feliz. O amor não é nada sem romantismo e Vinicius achou Serginho que deu de presenta à torcida um gol de cobertura, com categoria.

A festa estava se encaminhando para o final e vocês estavam juntos de novo, prontos para o que vier pela frente. A caminhada do amor é longa, mas agora estão unidos. Tudo bem que, no finalzinho, se despedindo, sem nem prestar muita atenção, o adversário ainda arrancou um beijo na bochecha dela. Você não ligou e deixou aquilo como prêmio de consolação: afinal, vamos admitir, ele também foi corajoso.

QUEM FOI BEM
O destaque da partida foi Wesley, marcou o primeiro gol, deu assistência para o segundo e deu passe para Charles sofrer o pênalti. Pela segunda partida seguida, Luís Felipe foi bem e vai se garantindo como CAMISA DOIS MORAL. Valdivia não jogou como contra o Oeste, mas ainda assim foi importante: é ele quem puxa o contra-ataque do primeiro gol, além de dar ótimos passes enquanto esteve em campo.

QUEM FOI MAL
Apesar de tomar apenas um gol nas últimas partidas, o sistema defensivo do Palmeiras vem vacilando bastante. Hoje, quem se destacou negativamente foi Henrique. Espera-se dele atuações mais seguras do que vem apresentando. Hoje, por exemplo, falhou mais que André Luiz. Este, por sua vez, melhorou em relação à sua atuação contra o Oeste - o que não era tão difícil.

NOTAS
Ainda estamos decidindo um modo padronizado de notas. Para esta partida, darei notas de 0 a 10.

FERNANDO PRASS - 7
Não foi exigido recorrentemente, mas foi muito seguro quando exigido. Não falhou no gol do ABC.

LUÍS FELIPE - 8
Mais uma vez, muito boa partida ofensivamente. Apresentou mais segurança defensivamente e marcou um golaço.

HENRIQUE - 4
Mal, pecou ora pelo excesso de confiança, ora por tomar decisões erradas. Cometeu falta que poderia ser para cartão vermelho no primeiro tempo.

ANDRÉ LUIZ - 5
Mais seguro que Henrique durante a partida, mas ainda comete falhas no jogo aéreo. No lance do gol, foi driblado com muita facilidade.

JUNINHO - 6
Equilibrado, erra poucos passes e está crescendo. Lentamente voltando ao nível que tinha quando chegou, ano passado.

MÁRCIO ARAÚJO - 7
Cometeu um erro no segundo tempo. Fora isso, muito bem nos desarmes. Fez boa jogada em lance que Vinicius desperdiçou.

CHARLES - 6
Sofreu o pênalti, mas não vem atuando com a pegada do início do ano. Por outro lado, está aparecendo muito bem no ataque em todos os jogos.

WESLEY - 9
Pagou 3% da vaquinha. Desarmou, lançou, fez gol, deu assistência. Ótima partida.

VALDIVIA - 7
Não tão decisivo como contra o Oeste, não aproveitaram tão bem as chances que criou. Foi marcado com muita força, pra dizer o mínimo, mas em nenhum momento se exaltou.

LEANDRO - 6
Segurou demais a bola durante a partida, mas teve participação fundamental no primeiro gol. Faz diferença.

VINÍCIUS - 6
Com a bola rolando, fez um bom jogo e vem crescendo de produção, apesar de algumas falhas infantis que comete. Sua tranquilidade na cobrança do pênalti foi surpreendente.

MENDIETA - 5
Participou do tiki-taka na final da partida e tentou alguns lançamentos, tem um bom passe, mas ainda está um passo atrás do time titular.

SERGINHO - 6
Partida discreta até fazer um golaço. Segundo Caio Carrieri, do Lance!, treinou bem e por isso entrou. O gol pode enganar, mas merece novas chances.

CAIO - 4
Entrou no lugar do Valdivia e fez pouco. O que fez, errou.

KLEINA - 6
Foi surpreendido com a marcação pressão que o ABC imprimiu no começo do jogo. Palmeiras teve algumas dificuldades e só se soltou depois do gol após vacilo do adversário. Contra equipes melhores, não vão falhar desse jeito.

3 comentários:

  1. Flavinha curtiu a introdução poética, mas não curtiu a nota do #araujomania. #araujoole é 10, sempre 10. Pelo mito, entende? ;)

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    1. Isso porque ambos sabemos que o #araujomania pode render ainda mais do que ontem.

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  2. Grande texto, mas vou parar de elogiar porque vai parecer puxação de saco ou homossexualismo.

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