quarta-feira, 10 de julho de 2013

[Prefácio] O segredo dos nossos olhos

Foto: Estadão
Por Fabio Chiorino

Quando o Felipe Portes me convidou para assinar um dos textos de abertura do Porco Press, logo surgiu a dúvida sobre o que abordar em uma estreia para um blog feito por palmeirenses e destinado a outros tantos. Eu não poderia desperdiçar esse espaço para falar sobre Mauricio Ramos, Maikon Leite ou Valdívia. São personagens extremamente pobres diante da história do Palmeiras. Migalhas, apenas isso.

Então, me apeguei à linha editorial desse blog, que trará três colunas fixas: Academia, Anos de Fila e Era Parmalat. Da primeira, meu contato mais próximo foi através dos recortes de jornal que meu pai e meu avô deixaram guardados numa caixa de papelão. Os vídeos vieram muitos anos depois, mas são aqueles pôsteres amarelados que principalmente demonstram a grandeza das décadas de 60 e 70. Das duas seguintes, não só me lembro bem, como vivi intensamente.

Todo o palmeirense nascido no início da década de 80 foi uma criança com sérios problemas de socialização. Uma ovelha verde no colégio, onde os amigos apontavam os dedos somando os anos de jejum. Meu irmão gêmeo titubeou nessa época e teve namoricos com São Paulo e Corinthians. Felizmente, recobrou a sanidade em 1988, depois que o atacante Gaúcho virou goleiro e herói naquela histórica partida contra o Flamengo, na Copa União.

Impossível não retratar a Era Parmalat com saudosismo. A época dos porcos gordos, contratações milionárias, o fim da fila, o maior rival humilhado em decisões seguidas. Todos mal acostumados. Os torcedores, que, após anos de seca, passaram a acreditar que o título era sempre algo previsível. E o clube, que não soube aprender nada com a gestão financeira (e do futebol) naqueles anos e viu a parceria acabar de forma melancólica, com apenas marca de suco estampada na camisa. 

Brunoro voltou, mas o Palmeiras já não é mais o mesmo. Mais uma vez na Série B, com poucos recursos, jogando longe de casa, mesmo que a partida seja realizada em São Paulo. Um time novamente tentando se reconstruir, como a Arena Palestra prestes a ser devolvida aos torcedores.

Que o Porco Press seja, então, mais um degrau a ser percorrido pelos palmeirenses de todo o Brasil. Os que cantam, os que vibram e, principalmente, os que sobrevivem. E justamente são esses últimos que jamais cogitaram abandonar o Palmeiras. Porque como conta Juan José Campanella em “O Segredo dos Seus Olhos”, um homem é capaz de trocar da casa, de rosto, de namorada, de Deus, mas não se pode trocar de paixão.

Um comentário:

  1. Parabéns rapaziada ..terão aqui um leitor assíduo , para aplaudir e criticar , Vai Verdão , do nosso coração...

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