quarta-feira, 10 de julho de 2013

[Coluna] 11 jogos encantados

Foto: Célio Messias/Agência Estado
Por Dimitrius Pulvirenti

O palmeirense pode até não gostar da Seleção e das semanas sem a disputa de nenhum prélio devido a torneios como a Copa das Confederações ou a Copa do Mundo. Mas nenhum poderá negar que a parada ajudou o Palmeiras: o departamento médico agora só conta com Léo Gago, reforços importantes chegaram e o time voltou jogando bem melhor. E não é a primeira vez que, enquanto todos prestam atenção no selecionado, o Palmeiras se dá bem.

Em 2005, durante as duas semanas de Copa das Confederações, o Brasileirão não parou. Mas, antes do fim do torneio na Alemanha, o Palmeiras de Paulo Bonamigo conseguiu, em 11 partidas, apenas duas vitórias. Foi após o Brasil vencer a Argentina por 4 a 1 que a sorte do Palmeiras mudou: a partir daí foram seis vitórias, três empates e duas derrotas. As duas derrotas vieram nos três primeiros jogos, é verdade, mas apenas para dar motivos à diretoria então comandada pelo saudoso Salvador Hugo Palaia a trazer um ídolo, Emerson Leão, capaz de guiar o Palmeiras para uma sequência sem derrotas que duraria outras dez partidas.

Foto: Lance/Reginaldo Castro
Em 2006, a história não foi diferente. Tite, após estrear com uma vitória contra o Santa Cruz no então estádio chamado Palestra Itália, sofreu quatro derrotas seguidas antes da parada para a Copa do Mundo da FIFA™. Durante a pausa, Adenor, que ninguém acreditaria pudesse ser o técnico que levaria o Corinthians Paulista ao título da Libertadores - ninguém imaginava que qualquer técnico fosse capaz de tal feito, que só ocorreu graças a uma inversão na polaridade do futebol (ver Teoria Senna-Santana) -, armou o Palmeiras em um inovador 3-6-1 e trouxe Valdivia, que viria a ser o grande responsável pelo título no Paulistão de 2008. Funcionou: foram 11 partidas sem derrota, superando a série de Emerson Leão um ano antes. Para um time que se manteve na Série A graças a Ponte Preta Deus, a parada para a Copa do Mundo pode ser considerada a diferença entre o descenso e a permanência na Série A.

Foto: César Greco/Foto Arena/Gazeta Press
O tempo passou e eu sofri calado e chegou o ano de 2009, quando o escrete canarinho partiu destemido para a África do Sul em busca de mais um título de Copa das Confederações. No Palmeiras, as coisas não iam nada bem: durante a Copa das Confederações, foi eliminado pelo Nacional do Uruguai na Libertadores, a mesma que contara com o histórico gol de Cleiton Xavier em Santiago e a ainda mais histórica partida de Marcos contra o Sport, em Recife - considerada pelo Santo a melhor de sua carreira. Keirrison, por sua vez, foi embora sem dar satisfações, Luxa se irritou e a Diretoria achou um motivo para colocar ele e o "pojeto" no olho da rua. E no mesmo dia em que o Brasil vencia de virada os Estados Unidos e levantava o troféu, Jorginho "Michels" estreava no Palmeiras com um empate contra o Santos - logicamente devido à influência da Copa das Confederações. Contando com esse clássico, o Palmeiras conseguiu sete vitórias, três empates e apenas uma derrota em 11 partidas.

O palmeirense mais atento irá lembrar de 2010. De fato, nas 11 partidas que se seguiram após o término da Copa do Mundo da FIFA™, foram três vitórias, três derrotas e cinco empates. Além disso, foi nesse ano que o Palmeiras desgraçadamente trouxe Kléber de volta. Mas algumas ressalvas devem ser feitas: Judas o atacante foi contratado no dia 4 de junho, antes da Copa do Mundo e, portanto, fadado ao fracasso. Durante a parada, o Palmeiras oficializou a contratação de Felipão, a mente por trás do título da Copa do Brasil 2012.  E, se isso não fosse o suficiente, entre as 11 partidas pós-Copa do Mundo está a o espetacular 3 a 0 que eliminou o Vitória na Copa Sul-Americana após derrota por 2 a 0 na primeira partida, disputada em Salvador. Em pleno Pacaembu, contando com Márcio Araújo na lateral-direita, Tinga como único meia, Rivaldo de lateral-esquerdo, e Tadeu de centro-avante, o time baiano foi eliminado. Apenas algo místico pode explicar tal feito.

Até mesmo em 2002, ano do rebaixamento, o retrospecto é favorável: em 11 jogos após a Copa do Mundo, foram cinco vitórias, três derrotas e três empates. Duas das derrotas foram apenas nas últimas das 11 partidas (quando o efeito já estava diminuindo).

Mais do que a boa vitória contra o Oeste, a preparação do Palmeiras tem tudo para ser considerada extraordinária. É possível acreditar, inclusive, que utilizaram o poder da parada intencionalmente. Ora, o que explicaria não utilizar Valdivia antes da Copa das Confederações mesmo com ele estando à disposição?  Mais: contratamos quatro jogadores durante a parada, praticamente garantindo seu sucesso com a camisa alviverde. Foi durante a parada que vendeu Maurício Ramos para, prepare-se, o time de Paulo Bonamigo, o técnico da parada em 2005, como forma de retribuição pela sua demissão.

Faltam 10 jogos para tudo voltar ao normal, mas o Palmeiras, não podemos negar, plantou a semente no momento ideal para colher depois que o encanto dos 11 jogos terminar. Amém.

4 comentários:

  1. Escreve tão bem que chega a irritar...

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  2. Style! Parabéns pelo espaço, Dimi, e parabéns pelo texto. Um é promessa, o outro já é realidade. Respectivamente.

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    1. Valeu, Flavinha! Mas agradeça ao Portes, grande responsável por transformar a Porcopress em realidade, :D.

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