quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Assimétrico, Palmeiras garante vaga na Copa do Brasil e encontra fórmula para suprir ausências



Desde o começo do ano, o Palmeiras vem jogando em um 4-2-3-1 totalmente simétrico. Geralmente, com Dudu e Rafael Marques nas pontas (wings). Robinho, Valdivia, Alan Patrick, Zé Roberto e Cleiton Xavier alternaram no papel de CAM (central attacking midfielder, ou, meia atacante centralizado, o popular 'camisa 10'). 


Valdivia e Cleiton Xavier,  os dois melhores na função, nunca tiveram sequência por problemas físicos – Valdivia deixou o clube antes da Copa América. Alan Patrick foi para o Flamengo, e está claro que Robinho rende muito mais jogando como CM (central midfielder) no papel de box-to-box (jogador que vai, literalmente, de área a área, ajudando na marcação e na criação de jogadas). Zé Roberto também não conseguiu se destacar na função, o que deixou o Palmeiras com um problema grave na criação de jogadas e acabou a sobrecarregar Dudu, o único com lucidez suficiente para criar nas últimas semanas. Eis que chega o jogo decisivo contra o Cruzeiro e a dúvida pairava entre torcida e imprensa: como entrará o Palmeiras, com tantos desfalques?

Foi então que Marcelo mostrou que não foi bi-campeão brasileiro por acaso. O técnico mudou totalmente a estrutura do time - dinâmica e taticamente -  montando um 4-1-4-1 assimétrico para alocar o campo adversário. A exemplo do que aconteceu na virada sobre o Flamengo, Dudu foi centralizado e como CAM, jogou uma de suas melhores partidas no ano. Com a companhia de Zé Roberto e Robinho, o time conseguiu vencer o duelo de posse no meio-campo e então criou muitas jogadas – ora com as ultrapassagens de Egidio, ora com as infiltrações de Gabriel Jesus, possíveis a partir da inteligência de Barrios que caminhava para a direita. E assim, como armador principal, Dudu mostrou que não é apenas um jogador de velocidade e que leva vantagem no 1x1. Clínico, com passes agudos e mostrando uma visão de jogo acima da média, Dudu mostrou que é sim o principal jogador do Palmeiras no ano – e um dos principais do Brasil.

Gabriel Jesus jogou como LW (Left-Winger, ou ponta-esquerda) uma posição nova pra ele, que na base foi atacante e na seleção sub-20, jogou na ponta-direita. Mas a liberdade de movimentação desse time nada posicional foi o que impôs a boa atuação do mesmo. Tanto na jogada da expulsão de Bruno Rodrigo quanto no lance de seu segundo gol, Jesus recebeu a bola entre os zagueiros. Tal movimentação só foi possível porque o lado direito estava vazio, e era preenchido, ora por Barrios, ora por Robinho. Essa condição foi fundamental para Jesus brilhar e, de uma vez por todas, começar a escrever seu nome na história do Palmeiras. Dizem por aí que o dia 26/08/2015 acabou de se tornar uma data ainda mais especial para os palestrinos.



Contra o Cruzeiro, o Palmeiras foi um time que parecia penso para a esquerda, mas que a partir de movimentações específicas equilibrava numericamente os lados do campos. Assimétrico na ideia, perfeito na prática: não se engane com o placar. Depois do 3 a 0 e da definição da vaga, o Palmeiras começou a descansar em campo, o que é fundamental quando falamos de calendário brasileiro. Em nenhum momento o Cruzeiro mostrou força, ambição ou mesmo vontade de correr atrás do placar.


Com uma semana inteira pra descansar, não é de se estranhar que Rafael Marques volte ao time no domingo, ocupando o espaço de Zé Roberto – o que prenderia mais Robinho, mas ainda assim possibilitaria que os dois revezassem no 'atacar espaços' na direita e na recomposição pelo centro. Já Arouca, que é menos técnico do que Robinho, pode ter dificuldades para se adaptar a este novo esquema – o que pode fazer o time voltar a funcionar da maneira anterior. Ou Arouca pode encarar o maior desafio de sua carreira: ele, que é um carregador/rompedor com a bola nos pés pode aprender a criar e atacar espaços. Isso o transformaria em um CM perfeito.

Com um elenco repleto e um treinador que sabe como utilizar suas peças, não é de se estranhar que o Palmeiras vá longe na Copa do Brasil e brigue pelo G4 até o final do Brasileirão. E isso é só o começo do nosso novo século...

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