sexta-feira, 19 de julho de 2013

[Coluna] Palmeiras remodela esportes olímpicos

Foto: Marcos Guerra/GloboEsporte.com
por Dimitrius Pulvirenti

Hoje, o Palmeiras anunciou o fim a remodelação das categorias poliesportivas. Basicamente, todas as modalidades, à exceção do basquete, não terão a categoria profissional, passando a ter foco na formação de atletas. No futsal, o CEO, José Carlos Brunoro, revelou a proposta de um intercâmbio com o futebol de campo. Automaticamente, vários palmeirenses revoltaram-se contra a medida. Com razão?

A razão para a medida, de acordo com Brunoro, é a exigência da torcida do Palmeiras pela formação de um time vencedor. Se for apenas para participar, melhor deixar pra lá. Há lógica por trás dessa afirmação: no basquete, a equipe lutou para não cair até a formação de uma bela sincronia com o torcedor, que ajudou a levar o time a uma grande invencibilidade dentro de casa no segundo turno e evitou o rebaixamento. Não era, entretanto, um time capaz de brigar pelo título da NBB. O futsal, por sua vez, chegou às quartas-de-final da Liga Paulista - não tinha franquia na Liga Futsal - e chegou a ser derrotado por 6 a 0 pelo Corinthians, em abril, dando pauta para notícias como esta.

Contudo, a razão principal, sabe-se, é o problema financeiro pelo qual o clube vem passando. Ora, se nos últimos anos, com investimento do próprio clube, os resultados nesses esportes não foram alcançados, seriam necessários mais investimentos para a formação de elencos competitivos. O Palmeiras,que não teve uma gestão financeiramente responsável nos últimos anos, é incapaz de manter os investimentos, quanto mais aumentá-los. Qual o sentido em manter tais modalidades que não obtiveram sucesso nos últimos anos - exceto nas categorias de base?

Foto: Fabio Menotti/Agência Palmeiras
Outra crítica feita foi ao departamento de marketing, incapaz de encontrar patrocinadores. A reclamação desconsidera a dificuldade que os esportes olímpicos possuem para conseguir investimentos no Brasil. No futsal, apenas foi noticiada uma proposta de patrocínio, da Cimentolit, que exigia, em troca, que o Palmeiras comprasse cimento da empresa supracitada. No basquete, foi logrado êxito e a Meltex Franchising manteve a equipe.

Claro, algumas das queixas devem-se a divergências políticas, outras a ressentimentos pessoais. Mas muitas delas são corolárias da falta de transparência da atual gestão, que se nega a deixar mais clara a periclitante situação econômica, estratégia realizada no Flamengo, por exemplo, cujo presidente já divulgou algumas notas oficiais sobre a gestão.

A atitude da Diretoria, neste caso em específico, contudo, foi a correta. Hoje, o Palmeiras é o único dos quatro grandes de São Paulo presente no NBB. O Corinthians é forte no futsal - mas, de resto, no quê? No MMA, apenas patrocinou Cigano e Anderson Silva. Na natação, patrocinou Tiago Pereira. No São Paulo, apenas o futsal e o patrocínio de Maurren Maggi tiveram repercussão na mídia. Nenhum dos dois investiu fortemente na formação de um grande nadador ou de uma grade saltadora, ao contrário do projeto que o Palmeiras aparentemente propôs e do qual o esporte olímpico se ressente de verdade.

À gestão cabe detalhar esse projeto, no entanto. Se formarmos um grande judoca, ele não se profissionalizará pelo Palmeiras? O Palmeiras deixará de buscar por parceiros que podem manter uma equipe profissional?  A manutenção das modalidades competitivas exige o emprego de uma organização profissional que o Palmeiras, ao que tudo indica, não tem condição de formar no momento e pela qual o futebol não deve pagar.

Fiquem com um trecho de "Palestra Itália... a primeira vez com a bola", de Vincenzo Ragognetti (retirado do imperdível Palestrinos):

Passada meia noite, depois de uma longa, barulhenta e violenta discussão, eu saltei em cima de uma cadeira e gritei: 

- Aqui viemos, meu grupo e eu, para fundar uma sociedade de futebol. Futebol entendem? Vocês só falam em clube de danças, de representação de peças teatrais pelos seus <filo dramáticos>, e nem ligam para o futebol. Ou vocês acatam a idéia de tratar TAMBÉM de futebol, ou eu e meu grupo abandonamos o recinto! 

Éramos moços. O que faz o moço sem violência? 

 Do outro lado do salão, surgiu Luis Cervo, também montado sobre uma cadeira. Irruente e fogoso, o saudoso amigo aderiu <in totums> também ameaçando: 

- Ou vinga a idéia de Ragognetti ou eu e o grupo dos Matarazzo vamos embora! 

Houve silêncio. No fim depois de vários discursos enrolados e gaguejantes, foi aprovada a idéia unanememente. Faz-se na hora as eleições. Cervo abiscoitou o cargo de secretário Geral e eu o de diretor esportivo. 

Madrugada. Fomos todos tomar chopp no bar vizinho, cantando, falando, sonhando. Sobretudo, sonhando...

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