sábado, 17 de agosto de 2013

[Pós-Jogo] Palmeiras 3-2 Paysandu

Foto: Globoesporte.com
Por Felipe Portes

Esqueça tudo o que você sabe sobre grandes viradas, brigas históricas e reações da torcida. TUDO que aconteceu hoje no Pacaembu ficará guardado na mente de quem estava lá. Eu incluso. Estou sem voz, pigarreando como um velho tuberculoso, mas por uma boa causa: vi o Palmeiras jogar para a sua torcida. Errando muito ou não, a atuação foi briosa.

Tivemos RAÇA, FÚRIA, SANGUE e UMA VIRADA IMPRESSIONANTE. Tão impressionante que eu fiquei gritando AAAARRRRRGHHH sem motivo algum nas bancadas. Só pela exaltação emocional garantida pelo espetáculo. Entenda: a Série B é isso. É um time grande lutando contra outros tradicionais em decadência ou pequenos em busca de espaço. É a catimba exagerada, as faltas para matar o jogo. A raça foi tanta que eu tive muita vontade de escrever esse POST TODO EM CAIXA ALTA, MAS NÃO VOU FAZER ISSO EM RESPEITO AO AMIGO LEITOR DA PORCO PRESS, OK?

Para se ter uma ideia de como as emoções estavam afloradas, assim que o juiz apitou para o início, gritei bem alto: VAI SE FUDER, MARCIO ARAÚJO. E mal sabia que isso iria se repetir demais até aquele engodo sair no segundo tempo. Quando saiu, ouviu vaias de todo o estádio, e claro, do setor onde eu estava. SEU LIXO, RIDÍCULO, FILHO DA PUTA e MALDITO foram algumas das homenagens ao nosso glorioso volante que não sai do time titular nem se levar dois cartões vermelhos em duas partidas consecutivas.

O começo do Palmeiras foi mais do mesmo. A pressão e escape pelas laterais, aquela dificuldade em sair jogando pelo meio. Irritou demais e logo a marcação do Paysandu começou a limitar as opções da equipe de Kleina. Muitos, mas MUITOS erros estavam sendo cometidos por Juninho, Wesley e Leandro. Alan Kardec mal recebia a bola e Mendieta também estava distraído. Foi uma atuação apenas estressante até que os paraenses cometeram o crime numa saída errada e nos puniram.


Conforme o tempo ia passando, a galera em campo e nas arquibancadas ia se enervando. Foram minutos cretinos de futebol até o intervalo e uma chance perdida por Leandro na cara do goleiro Marcelo, mas que se for chamado de MARCERA, certamente atenderá. Presepeiro desde o primeiro tempo, se jogava em todo lance em busca de uns segundinhos no relógio.


No segundo tempo tivemos um Palmeiras mais vibrante, mas ainda muito incapaz de furar o bloqueio e escapar das pancadas do Paysandu. Com o segundo gol do Papão, a situação ficou embaraçosa, sobretudo com a ocasião em que Yago Pikachu marcou, de cobertura, humilhando Prass. Pouco antes, Juninho teve mais uma de suas diarreias mentais e não afastou uma bola que quicou na área. Em quase nenhuma ocasião ele poderia ter sido elogiado. 


Alan Kardec, o homem que não recebia a bola nem se acendesse bastonetes de neon como um fiscal de decolagem em aeroporto, chegou lá e marcou de cabeça o primeiro gol. O Pacaembu explodiu. Era o que a torcida palmeirense precisava para acreditar na reação. Empurrado por gritos de TIMINHO, PAYSANDU FILHO DA PUTA, TIME DE MERDA, VAI PARMERA, VAMO GANHÁ PORCO, o Palmeiras se levantou e mostrou como é que se faz. Afinal, os paraenses vieram para fazer valer qualquer golzinho que fosse, mas bateram demais até o fim e inclusive desencadearam a briga colossal que tomou lugar e que resultou na expulsão de Wesley. 


Teve soco pra dar e vender aos 33 do segundo tempo, e aí que a torcida ficou mais enlouquecida ainda. Dezenas de pessoas mostravam seus dentes, gritavam de forma ensurdecedora, crianças rasgavam suas roupas, pais revoltados amaldiçoavam os deuses e raios furiosos cobriram o céu da região do Pacaembu. Dizem que em determinado momento uma nuvem em forma de bigode pairou sobre o estádio. Foi aí que o bicho pegou. 


Amassando o Paysandu, o Palmeiras fez de sua raiva o combustível para buscar a virada. BOOM, golaço de Mendieta na sobra. Tome sufoco, tome pressão e aos 49: BOOM! Leandro pegou um rebote pelo alto, dado por Marcelo em dividida com Henrique. GOL DO PALMEIRAS. GOL DA VIRADA, CHUPA PAYSANDU. Há tempos o alviverde não despertava esse sentimento quase animalesco, visceral, desvairado.


Gritos e mais gritos que um empate não poderia mais abafar. Foi sofrido, foi brigado, foi sangrento, e acima de tudo: foi Palmeiras. Foi muito Palmeiras. É assim que nos acostumamos a vencer, é assim que voltaremos. E não haverá time retranqueiro e desleal que possa mudar isso. Vitória de um time grande, não de um grande time, que está em sintonia perfeita com a sua torcida. 


NOTAS


FERNANDO PRASS: 6 - Não trabalhou e nem teve culpa nos dois gols do Paysandu.


HENRIQUE: 8 - Quase impecável, perdeu poucas divididas e ainda puxava o time para o contragolpe quando era necessário. Um legítimo capitão.


VÍLSON: 7 - Fez a melhor jogada do Palmeiras no primeiro tempo, estava muito bem, mas se contundiu e precisou sair para a entrada de Tiago Alves. 


JUNINHO: 1 - Atuação desprezível desse rapaz. Não acertou nada e não acertaria nem se jogasse sozinho por uma semana.


LUÍS FELIPE: 7 - Errou bastante no primeiro tempo, mas foi essencial na remontada do segundo tempo. Mostrou personalidade com dribles e bons cruzamentos. 


MARCIO ARAÚJO: 0 - Teria sido melhor entrar com 10 em campo. Absolutamente ridículo. E estamos sem manchetes.


CHARLES: 5 - O mesmo de sempre. Parou de jogar em nível aceitável e subia demais.


WESLEY: 4 - Errou tudo e só tirou 4 porque teve brio para brigar quando agredido por um atleta do Paysandu. Foi expulso, mas de forma viril.


MENDIETA: 6 - Distraído demais, errou passes curtos no primeiro tempo. A nota só foi compensada pelo gol de empate. Mas menino William precisa mostrar mais do que isso.


LEANDRO: 5 - Exagerou na firula, perdeu gols impressionantes no primeiro tempo e sairia de campo vaiado se não tivesse marcado o gol na vitória. Obrigado, Leandro.


ALAN KARDEC: 7 - Não tocou na bola por motivos de: fraca articulação do meio campo. Quando teve a chance, fez um gol. É o nosso centroavante.


TIAGO ALVES: 7 - Fez um paredão na zaga no lugar de Vílson. Excelente no desarme e bem posicionado, não deu brecha para os atacantes do Paysandu.


RONNY: 6 - Não reparei nele em campo.


FELIPE MENEZES: 8 - Para quem era apenas peça de elenco, Felipe se saiu muito bem. Acertou onde os colegas erraram, segurou bem a bola. Talvez Kleina devesse considerar colocar ele como titular ao lado de Mendieta quando Valdivia estiver fora.


KLEINA: 7 - Ele só mexe no time no intervalo. Mas pelo menos mexe. Acertou ao apostar em Felipe Menezes e promover a estreia de Tiago Alves.

3 comentários:

  1. Ronny entra e se esconde na esquerda... é uma pena. Queria ver ele ter sequência no time titular.

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  2. Grande Portes! Sensacionais seus comentários, com acidez na medida certa e uma assertividade fenomenal. 10 para sua crítica! Grande abraço!

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  3. Muito boa cronica . Só acho exageros nas notas do Charles e do treineiro . No maximo uns 4 ( 2 pra cada um ).
    E menção honrosa seja feita ao Mendieta , o gringo fez um gol raro . Muita técnica , só pra quem sabe muito , de prima, sem pulo , GOLAÇOOOOOOO.
    E viramos na raça, na vontade , porque o "treineiro" não teve culpa , parece que ele ainda não sacou que todos vão vir fechadissimos, explorando nossos erros , melhor mandar um "torpedo" pra ele avisando .
    Mas vamos ser CAMPEÕES , apesar dele, do Charles e do Marcio Araujo .

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