quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

[Memória] Dudu, o marcador onipresente

Foto: Placar
por Felipe Portes

Dudu pode se considerar um privilegiado de fazer parte do período em que o Palmeiras foi mais encantador. Cão de guarda e marcador implacável nos tempos da Academia, o volante era peça fundamental no esquema de Osvaldo Brandão.

Revelado pela Ferroviária de Araraquara, Olegário Tolói de Oliveira começou sua carreira na pequena cidade do interior paulista em 1959. Com quatro anos de clube, chamou a atenção do Palmeiras, que o contratou em 1964.

O menino que não tinha tanto tamanho assim para botar medo nos adversários, mas compensou isso com a sua bravura. Volante daqueles que sempre entravam como um cavalo de batalha nas divididas, Dudu ganhou respeito rapidamente pelo seu excelente posicionamento, pela garra ao proteger a defesa e sobretudo por ser quase intransponível em jogadas no mano a mano. Parecia que se multiplicava em campo.

Dudu e Ademir, a dupla mais famosa do Palmeiras
Foto: Futebol de todos os tempos
O hino do Palmeiras foi composto em 1949 e moldado com frases como "defesa que ninguém passa", o que seria interpretado quase que ao pé da letra por Dudu nos 12 anos em que ele esteve no Parque Antártica. Deixou o clube somente em 1976, quando se aposentou. Antes disso foi algo como um paredão e o homem que conseguia ligar com perfeição as ações da defesa com as do meio-campo. A dupla com Ademir da Guia foi talvez a mais bem sucedida e técnica da história do Palmeiras. Enquanto Ademir se encarregava de dribles, passes e gols, Dudu dava a raça necessária para recuperar a bola da posse dos adversários.

Precisaria de uma sala grande para guardar os troféus que conquistou. Tricampeão paulista, bicampeão brasileiro, bicampeão do Robertão, campeão da Taça Brasil e do Torneio Rio-São Paulo, Dudu ainda fechou seu ciclo vitorioso como treinador na campanha do título paulista em 1976, um ponto de mudança crucial no Palmeiras. Depois disso, o alviverde penou por anos numa fila que parecia nunca terminar, com 17 anos em jejum.

A bolada e o silêncio no Morumbi
Dudu não desistia nunca, era o que o Brasil poderia ter de mais combativo na posição. Essa determinação pode ser refletida na decisão do Paulista de 1974, quando o palmeirense levou uma bolada de Rivellino ao formar barreira numa cobrança de falta. Chegou a sair de campo por instantes, mas aguentou firme, voltou e viu a vitória do Palmeiras por 1 a 0, gol de Ronaldo. 

Sobre aquela final, ele comentaria ao R7: "O clima que a imprensa colocava naquele jogo era de que o Corinthians teria de ser campeão. Isso levou uma responsabilidade muito grande para os jogadores deles". De 120 mil presentes no Morumbi em 74, apenas 10 mil eram palmeirenses. A maioria massacrante de corintianos nas arquibancadas emudeceu quando Leivinha tocou de cabeça para Ronaldo, que sozinho, mandou para o fundo das redes. Era a chance do Timão sair de uma fila de 20 anos sem títulos, coisa que só aconteceu três anos depois, em 77, sob o comando do mesmo Osvaldo Brandão.

Se Dudu não era o jogador mais técnico e talentoso do time, era certamente o mais brioso, líder natural que ao contrário de Ademir, um gênio calado, dava suas broncas e ordens quando era preciso. Alguns devem lembrar que Dorival Júnior, sobrinho de Dudu, também foi volante no Palmeiras nos seus tempos de jogador. Jogou de 1989 a 92, saindo antes do time encerrar o jejum em 93.

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