sábado, 18 de janeiro de 2014

[Coluna] O que eu espero do Palmeiras em 2014

Foto:  Divulgação/Palmeiras
por Dimitrius Pulvirenti
A dificuldades pelas quais passa o Palmeiras fazem muita gente afirmar apressadamente de que se trata de um clube decadente. Se isso é verdade, o Palmeiras é um clube decadente há mais de 50 anos. O curioso é que esse clube decadente ressurge sempre de sua própria queda para atravessar o caminho dos outros e ganhar títulos, campeonatos, torneios , o diabo. 
Ugo Giorgetti

Está na moda não acreditar no Palmeiras. Em algum momento, se tornou cool crer que o Palmeiras é um time ruim, que não contrata bem, que não pensa grande, que só faz besteira. Não me entenda mal, o Palmeiras está a anos-luz da perfeição. Somos torcedores bipolares que interagem entre si e esperamos tanto o pior que, quando ele acontece, perdemos a cabeça coletivamente. E esse pior geralmente não é nada mais que um empate contra um time pequeno, uma derrota contra um time médio, uma declaração de um dirigente. Nem se fala, então, do que acontece em uma eliminação. Aí, meu amigo, tudo deve ser destruído e sangue deve jorrar.

Não sei como ou quando começou, mas esse sentimento está aí. Não é que eu tenha certeza que o time do Palmeiras seja ótimo e que estamos montando a nova Academia. Apenas que não há nenhuma base em fatos para dizer que o time é ruim. E não haverá até que... ele seja ruim. Por enquanto, todos os times têm zero pontos.

Entre os nossos rivais está o bom time do Corinthians, que mudou de técnico, ficou em 10º no Campeonato Brasileiro e, pelo que dizem, deve direitos de imagem a seus jogadores. Há o São Paulo, que manteve o mesmo time e o mesmo técnico - o que, no caso deles, pode ter sido um erro - e passará por uma das eleições mais conturbadas de sua história em abril. E, por fim, o Santos, que contratou bem, trouxe um técnico que vem de um bom trabalho e tem uma base muito boa. É o favorito, mas o Palmeiras não está atrás.

O Palmeiras trouxe, até o momento, sete reforços, mas não se reformulou. A espinha dorsal é a mesma que jogou durante todo o ano de 2013: Prass, Henrique, Wesley, Valdivia e Kardec. A única interrogação é Valdivia, daí a importância da contratação de Bruno César. Suas contratações são, ou bons jogadores experientes querendo mostrar que ainda valem alguma coisa ou jovens que demonstraram potencial em 2013. Perdeu Vilson, reprovado no exame médico do Cruzeiro, Márcio Araújo, ainda sem clube, Luís Felipe, indo pro Benfica, Charles, que retornou de empréstimo e outros menos cotados como André Luiz, Ronny e afins. Há sérias dúvidas, é verdade, quanto ao trabalho de Gilson Kleina. Em 2013, fez o que lhe foi pedido e só. Para ser um grande técnico, é necessário fazer mais que isso. Ele terá 2014 para provar que pode. O Palmeiras não está pronto e tem o que melhorar, mas é o time mais pronto do campeonato.

Poderia citar mil motivos para duvidar do Palmeiras mas, ei, há tantos outros para duvidar de todos os outros times do Paulistão. Não há razões para não esperar nada do Palmeiras. A felicidade é a diminuição de expectativas, não a ausência delas.

Não há problema em esperar um título. Ninguém vai te julgar porque, não conta pra ninguém, o Palmeiras pode ter, olha só que loucura, montado um time bem arrumado. Não perca a razão na primeira derrota. Acontece com todo mundo e, se for pra ser, elas não impedem título nenhum. Cornetar faz parte da essência do palmeirense e eu exercerei esse direito ancestral daqui a pouco, no jogo contra o Linense. Negar-se a acreditar é que é uma contradição histórica.

Regularidade e racionalidade nunca foram o forte do Palmeiras, um clube que insiste em transitar perigosamente entre a glória e o abismo. Quem torce para o Palmeiras aprende desde cedo que tudo pode acontecer. Ao Parque Antártica se vai preparado para o melhor e para o pior. Sempre foi assim e sempre será. Não há sentimentos mornos, medianos, reservados aos torcedores desse time. Ou se comemora uma vitória épica ou se lamenta uma derrota catastrófica. É isso. Quem não quiser que torça para outros clubes sensatos, organizados e previsíveis, preocupados em não perder. O Palmeiras sabe que a derrota é parte da grandeza.
Ugo Giorgetti

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