quarta-feira, 2 de outubro de 2013

[Pós-Jogo] Oeste 0 - 2 Palmeiras

Foto: G1/Reprodução
por Dimitrius Pulvirenti


Minha mãe era rígida com as minhas lições de casa. Se algumas palavras ultrapassassem a linha, ela apagava tudo e me obrigava a fazer de novo. Quantas vezes fossem necessárias até fazer bem feito. O Palmeiras precisa da minha mãe. Em 2012, por exemplo, até sabia a matéria mas, displicente, acabou reprovado. Agora, faz o mínimo necessário pra passar de ano.

Come durante a aula e entrega as atividades todas sujas. Nem se esforça pras provas e diz pros outros que tá estudando pra tirar seis - o mínimo que precisa pra passar. Deu as canetas que tinha e vem fazendo suas lições com giz de cera, emprestados por um amigo, daqueles que não vão durar mais que um ano. É bem verdade que tem um lápis muito bom, mas acontece que o grafite quebra com uma facilidade e nenhum apontador dá jeito.

Usa o mesmo livro didático do ano passado. Até tenta estudar por ele, mas é limitado e incompleto, com páginas faltando. Seus pais não se preocupam com isso. Na última reunião de pais e mestres, comprometeram-se com os professores que, se o menino passar pela recuperação, vão comprar novos materiais e um novo livro. Estão até construindo uma casa nova que, dizem, será perfeita para o estudo. "Multiuso", gabam-se.

Enquanto isso, o garoto continua acreditando no princípio do menor esforço. Ontem mesmo, chegou na sala, os amigos o esperando - ele é bastante popular -, entregou a lição-de-casa e foi pro fundão. Colocou a mochila em cima da mesa e dormiu. Abria os olhos vez ou outra pra ver se tudo corria bem, mas logo voltava ao sono. Quase foi surpreendido por uma bronca do professor, mas fez um exercício no final da aula e foi embora.

Vai acabar passando de ano porque, apesar de tudo, é inteligente. Faz a sua obrigação. Mas não vai aprendendo nada. Trata a Série B como se fosse progressão continuada.


NOTAS



PRASS - 6

A mochila serviu a seus propósitos, guardou o que tinha que guardar, mas também ninguém teve força o suficiente para tirá-la de cima da mesa.

WENDEL - 7
Giz de cera de três cores. Cumpre o seu papel.

VILSON - 6
Tem ele e outro giz de cera que às vezes parecem massinha de modelar, mas ontem ficaram bem postados e não deixaram que causassem perigo à mochila.

HENRIQUE - 6
Ontem teve momentos em que fez até ser aceitável a ideia de ter sido considerado pelo diretor do colégio um dos melhores materiais da escola.

JUNINHO - 5
O giz é verde, mas quando você vai usá-lo, ele amarela no papel. Uma loucura.

MÁRCIO ARAÚJO - 6
É o branco. Você não sabe por que está lá e nem como usar. Como não sabe pra que serve, você também não é capaz de dizer que é inútil.

WESLEY - 8
É o azul. Semana passada, esqueceu em casa. Sem ele, o céu fica escuro, não dá pra pintar o mar direito, parece que o desenho não engrena.

CHARLES - 6
É o rosa. Você não gosta, mas de vez em quando tem que usar, né?

VALDIVIA - 7
Único lápis do estojo. Se não fosse ele ontem, seria difícil fazer os contornos do desenho.

LEANDRO - 8
Quando eu comecei a pensar que esse giz é pirata, ele vai lá e mostra que, quem sabe, pode ser até um lápis-de-cor.

ALAN KARDEC - 7
É o bege. Não é super empolgante, mas é muito útil.

VINÍCIUS - 6
Vermelho. Às vezes, fica muito bom, combina com o resto e você quer usar pra tudo. Mas tem hora que estraga...

EGUREN - 6
Laranja. Você gosta, fica bem quase sempre, mas fica lá esquecido e acaba sendo usado no final do desenho, pra deixar tudo mais colorido.

SERGINHO - 7
Giz-de-cera preto. Você sabe exatamente onde, quando e como usá-lo.

GILSON KLEINA - 5
Vai avançando a matéria e parece que esse livro tem cada vez menos páginas.

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