sábado, 26 de outubro de 2013

[Pós-Jogo] Nunca é como esperamos

Foto: Globoesporte.com
Por Felipe Portes

Quem nunca quis garantir o acesso à Série A num sábado ensolarado, estádio lotado, camisa nova? Pois é, o Palmeiras juntou tudo isso para enfrentar um São Caetano desesperançoso para garantir sua passagem de fuga deste inferno que é a Série B. E empatou sem gols.

O ano inteiro estivemos lutando contra nossas expectativas e apesar do terror e do tédio que é ser grande na B, subimos. Estamos satisfeitos? Claro que não, poderia ser infinitamente melhor. O time não progrediu, o treinador seguiu mexendo tão mal quanto uma criança de 8 anos num simulador de cirurgia e o nosso elenco não fez jus ao abismo técnico em relação ao restante do campeonato.

Aprendemos o que? Aprendemos a não esperar nada e não ter expectativas grandiosas. Do jeito ruim, sem perder títulos na final ou na semi, e sim lá atrás, sem nem ter o gostinho de disputá-los. Até gastaria alguns parágrafos falando o que foi este Palmeiras jogar com uniforme de Seleção brasileira, mas a verdade é que o jogo foi tão bosta que eu me irritaria só de começar a contar o que vi do cotejo na tarde do Pacaembu.

Ainda bem que subimos, não é mesmo? Não teremos mais de aguentar esse suplício de jogar sempre contra a retranca, independente do uniforme do outro lado. Ainda bem. Eu mesmo não aguentava mais xingar de graça esse time, esperando um mísero 2x0 contra qualquer Icasa ou América-RN da vida.

Ainda bem que subimos, não é mesmo? Não teremos mais de aturar um time molenga, bunda mole, acomodado na vantagem que conquistou na Série B. Pra que ter um time que joga bem e no seu máximo potencial, né? Que alívio já ter feito a lição de casa e passar com nota 6 no fim do ano (sim, pois a Série B é uma escola pública que pune os preguiçosos e desleixados), pra que em 2014 nós passemos o centenário lutando por uma vaga na Sul-americana.

Somos corneteiros e devemos continuar sendo. A corneta é a única forma de continuar lúcido nessa vida difícil que é ser palmeirense. Pegamos gosto por sofrer, nunca vamos considerar largar essa batina, mas tudo bem. No fundo, somos todos padres que nunca vão saber o que é comemorar aquela esbórnia no fim do ano. E talvez isso nos faça mais fiéis do que todo o resto. 

A razão de sempre exigirmos o máximo é justamente por aquela frase besta cunhada por Ben Parker: "Grandes poderes trazem grandes responsabilidades". Fomos um pouco de Homem-Aranha, um tanto mais de Aquaman. Mais apanhamos do que batemos nos últimos anos. Sabe como é, é fase. Após o jogo, Valdivia escapuliu a frase mais sincera de seu tempo como jogador: "Não foi como queríamos, né".

Que bom que o Palmeiras carrega essa cruz. Essa cruz de sempre ter de apresentar um resultado digno de sua grandeza é um resultado dos anos EM que vivemos no topo. Nossa torcida é fruto dessa identidade palmeirense, desse jeito peculiar de chegar sempre como quem não quer nada e no final sapatear com o título na cara do nosso próprio ceticismo. A nossa educação consiste em fingir que não acreditamos, mas aí num lance perdido, a fé toma conta e a gente empurra tudo outra vez.

Já esperávamos subir de forma melancólica. Não com um 0 a 0 em casa, não com vaias, mas o time precisa entender que tem de estar à altura da entidade. O 2013 foi tão importante quanto 1993, da sua forma. Acima de tudo, é essencial que haja uma mudança. Uma mudança tão grande que não temos nem por onde começar. Danem-se as piadas. Voltamos. Voltamos? E não queremos o tri.

===========<() VAI, PARMERA

Um comentário:

  1. Não sei se gostei mais da mensagem ou do tanto de referência no texto. Mas enfim, VAI PARMERA!

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