terça-feira, 22 de outubro de 2013

[Coluna] Comemorar ou não comemorar, eis a questão

Foto: AP
por Dimitrius Pulvirenti

Há dez anos, o Palmeiras retornou à Série A no interior do Pernambuco, em um gramado ruim e mal-iluminado, com um time jovem e uma torcida que acabou aceitando a então inédita vergonha do rebaixamento e enfrentou a situação junto com o time. Hoje, o Palmeiras está a uma vitória de sacramentar o acesso, provavelmente num Pacaembu mais ou menos lotado, um time cuidadosamente montado para fazer o mínimo necessário para chegar até aqui, um técnico-zumbi, sem perspectiva de permanecer, e uma torcida que tratou a Série B com desprezo.

Cada jogo foi um suplício. A rotina de derrotas nos últimos anos tornou o palmeirense um sujeito inseguro, que quer relembrar que é grande a cada momento. O rebaixamento para a Segundona só fez aflorar esse estado de espírito. Como um adolescente inseguro, cada resultado foi uma demonstração para o público de rivais sobre o quanto renunciamos a disputar o maldito campeonato.

A cada vitória, um "não passou da obrigação" que mais era um "vejam, oh amigos, o quanto desprezo um resultado positivo". A cada derrota, reclamações exageradas que lembravam aos outros versos de Álvares de Azevedo ("Se eu morresse amanhã, viria ao menos/ Fechar meus olhos minha triste irmã").

Quem sou eu para dizer o que cada um deve fazer e, mais, qual é o meu direito de acreditar que também não reagi apenas para tentar reafirmar o tamanho do Palmeiras - colocado em dúvida pelas nossas mentes paranoicas. Mas, ei, acho que vou comemorar, sim.

Nem se trata do clichê de "voltar ao lugar de nunca deveria ter saído". Ora, se caiu, era pra ter saído.

Não vou soltar fogos porque tenho medo porque não foi um feito extraordinário, pelo contrário. Foi fácil, monótono, eu diria. Vou ficar feliz pela instituição, cuja história o credencia a merecer jogar com Cruzeiro, Grêmio, Atlético-MG, Internacional e não com Icasa, ABC, Boa, Guaratinguetá.

Ser rebaixado não é uma passagem gloriosa da história do clube, jogar contra times de pequeno porte não é um orgulho. Mas, naqueles minutos logo após o juiz apitar, vou comemorar. Ficarei contente como fico quando volto de viagem e sinto o cheiro característico de casa.

Claro, não exagere. Não é motivo para ir para a Turiaçu. Se quiser, esqueça que o Palmeiras venceu. O que o time fez não importa, se foi uma vitória ou uma derrota. Os 90 minutos são irrelevantes. Comemore a reconquista de seu orgulho, comemore ter pelo menos a chance de enfrentar os nossos rivais. E caso seja amargo, comemore apenas... levantando a cabeça.

3 comentários:

  1. 1- Técnico Walking Dead foi foda;
    2 - "Amargos" no Palmeiras? Ah isso nem existe né?

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  2. Acho que descreveu com muita felicidade o que todo palmeirense esta sentindo hoje . Só faltou falar da preocupação com esses confrontos ano que vem.nao temos time pra encarar a serie A, com alguma chance de sucesso. Que não seja um trágico Centenário.

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  3. Acho que descreveu com muita felicidade o que todo palmeirense esta sentindo hoje . Só faltou falar da preocupação com esses confrontos ano que vem.nao temos time pra encarar a serie A, com alguma chance de sucesso. Que não seja um trágico Centenário.

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