domingo, 29 de setembro de 2013

[Pós-jogo] Palmeiras 0x0 América-RN

Foto: Marcelo Pereira/Terra
Por Marcelo Grava


Em junho, o ainda instável Palmeiras foi a Natal e venceu o América por 2x0, sem problemas. Ontem, 20 mil palmeirenses foram a um aquecido Pacaembu com esperança de uma vitória ainda melhor, mas deixaram o estádio insatisfeitos e com frio.

A mudança climática no fim de tarde paulistano foi tão sincronizada com a queda de rendimento da equipe – e a crescente impaciência nas arquibancadas – diante dos potiguares durante o 0x0 válido pela 25ª rodada do TEMERZÃO que só posso acreditar que uma coisa tenha influenciado a outra.

Às 16h, o sol mantinha um excelente ambiente no Pacaembu, onde centenas de famílias e milhares de crianças enchiam as arquibancadas crentes de que presenciariam mais um tranquilo triunfo alviverde. Com a derrota da alviverde-porém-inimiga Chapecoense na rodada, a confirmação do óbvio na partida deixaria o Palmeiras com doze pontos de vantagem na liderança, já checando em que dias da semana cairiam o acesso e o título.

Entretanto, o que poderia ser otimismo e confiança se tornou prepotência. O 4-3-3 armado por Kleina, com Vinícius e Leandro caindo pelas pontas no ataque, até que começou tocando bem a bola, mas produziu inúmeras chances ofensivas cretinamente desperdiçadas e de quebra quase levou gol nos dois únicos ataques alvirrubros da primeira etapa.

De excepcional na primeira metade da partida só houve o início da infantil rivalidade entre Valdívia e Andrey, goleiro do América. Após dominar um recuo de bola fazendo graça, o goleiro tomou uma paulistinha (ou seria maracaibinha? APAGAR) do chileno e respondeu fazendo cera. O episódio, claro, insuflou o estádio contra o arqueiro pelo resto do jogo. Um tiro de meta mal cobrado foi comemorado como gol. De vantajosa, porém, a birra não teve nada – pelo contrário: Andrey ainda fez boas defesas.

Com Luís Felipe, lesionado, substituído por Wendel ainda no primeiro tempo, seu Gilso preferiu não queimar outra alteração no intervalo. Manteve o time e suas irregularidades, com as consequentes perseguições a Juninho e à dupla de volantes (chamada de trio – força de hábito – incontáveis vezes pela torcida), formada por Charles e Márcio Araújo.

No entanto, Leandro decidiu se dedicar a tornar-se o principal vilão do jogo e, após perder pelo menos três chances de gol e dormir em pé durante quase todas as jogadas ofensivas do Palmeiras, foi substituído por Serginho. Restando meia hora de jogo e diante de um América pragmático mas pouco ameaçador, a equipe abraçou as últimas esperanças das arquibancadas enquanto o ar paulistano ficava mais gélido e o céu mais escuro.

Pecando em excesso de confiança, o Palmeiras ficou nervoso e, na pressa de tentar fazer o resultado, caiu totalmente de produção. Com Valdívia mais uma vez sobrando, porém sem coadjuvantes, a equipe se afundou em desorganização e virou presa fácil pro América, que segurou o empate com um futebol ao menos correto.

Com defeitos de outras datas mas sem a sorte e/ou os lampejos de bom futebol de diversos jogos da série B, o Palmeiras não justificou o que Valdívia falou a Andrey (“jogo em time grande, e você?”). O América também foi grande e não sucumbiu à pressão pueril da torcida, que previu goleadas soberbas enquanto o sol banhava São Paulo e xingou três gerações das famílias de todos os palmeirenses no frio que se sucedeu a ele.

Talvez a goleada fosse, mesmo, um dever palmeirense, e com certeza poderia ter saído. Mas, com uma infinitude de pequenos erros e algumas imprevisibilidades, o time simplesmente não conseguiu marcar e, se não mudou em nada a certeza quanto à posição na tabela, escancarou as dúvidas em relação à qualidade do atual plantel para se manter no ano que vem, com as “obrigações do centenário”. O acesso ainda é questão de tempo, mas o MEMENTO MORI alviverde parece cada vez mais onipresente.

QUEM FOI BEM
Prass e Valdívia. Os dois representantes alviverdes no Bom Senso F.C. mais uma vez destoaram do restante da equipe. Se o mago não foi o bastante na frente, pelo menos nosso guarda-redes foi muito bem mais uma vez.

QUEM FOI MAL
Leandro. Pelas razões listadas no texto, conseguiu garantir a exclusividade neste posto. Lembram daquele fim de semana em que ele jogou pela seleção, fez gol e ainda marcou pelo Palmeiras no dia seguinte? Aquilo aconteceu mesmo?

NOTAS

PRASS - 8 - O Palmeiras esteve no ataque durante boa parte do jogo, mas o América-RN poderia ter saído com a vitória não fosse ótima defesa de Prass.

LUÍS FELIPE - S/N - Saiu muito cedo.

HENRIQUE - 5 - Sua presença na convocação da Seleção Brasileira é uma das coisas mais injustas do futebol. Bom zagueiro, mas em fase horrível. Hoje, perdeu jogadas para ADRIANO PARDAL.

VILSON - 6 - Partida segura do, atualmente, melhor zagueiro do Palmeiras.

JUNINHO - 6 - Partida razoável, sem comprometer. Mas não passou disso.

MÁRCIO ARAÚJO - 7 - Sejam elas justas ou injustas, o jogador mais criticado do time fez mais um bom jogo. Desarmou, avançou. Pouca coisa do que reclamar.

CHARLES - 6 - Vinha em má fase, mas fez uma partida ok hoje.

VALDIVIA - 8 - Não foi sua melhor partida, mas foi o responsável pela maioria (pra não falar todas) das jogadas do Palmeiras.

LEANDRO - 4 - E pensar que, em dado momento do ano, acreditamos que seria interessante pagar 5 milhões de euros por ele. Nada contra jogador com penteado exótico, mas tem que se preocupar mais em jogar bola.

VINÍCIUS - 5 - Fez ótima partida contra o Sport. Hoje, foi apenas regular.

ALAN KARDEC - 7 - Não teve muitas chances, mas participou de lances de perigo. Luta bastante e tem habilidade.

WENDEL - 6 - Ó, não sou dos maiores fãs do Wendel, mas difícil negar que vem desempenhando papel bastante eficiente quando entra.

SERGINHO - 6 - Entrou no lugar de Leandro mas, apesar de não falhar como o substituído, não fez nada demais.

CAIO - 5 - Serei bondoso e darei nota cinco por ter se movimentado bem no lance que quase marcou. Era uma jogada difícil, então está perdoado.

KLEINA - 5 - O time até esteve bem montado e não acho que levou nó tático do Pintado, como foi dito. O Palmeiras jogou melhor que o América-RN, mas o time não vem enchendo os olhos há um bom tempo.

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