sexta-feira, 7 de março de 2014

[Paulistão] A primeira meta do centenário foi cumprida. E agora?

Foto: César Greco/Agência Palmeiras
por Filipe Rufino

A pré-temporada do Palmeiras foi tranquila. Apesar de muitos reclamarem da demora da diretoria para trazer reforços, em nenhum momento a ansiedade da torcida - e da imprensa - criou um clima ruim (o fato de não haver diretor fazendo piadinha com o nome dos jogadores especulados ajudou muito, é claro). Polêmica sobre os contratos por produtividade, dúvidas sobre a forma do zagueiro Lúcio, Leandro quase não renovando, a novela Bruno César e 12 reforços contratados deixaram uma interrogação no ar: o que vai ser do Palmeiras em 2014?

Bem, ainda não podemos responder. Podemos dizer o seguinte: o Palmeiras do primeiro bimestre se mostrou um time forte, que tem um elenco homogêneo e que é, definitivamente, um dos candidatos ao título Paulista. Dos onze que deram início aos trabalhos do Centenário (Sábado, 18/01 contra o Linense) apenas cinco entraram em campo contra a Lusa, no jogo que selou a classificação e o primeiro lugar do Palmeiras no grupo D: Prass, Juninho, Marcelo Oliveira, Wesley e Alan Kardec.

Durante a campanha, alguns jogadores perderam espaço enquanto outros ganharam status de protagonistas. Renato e Serginho, por exemplo, iniciaram os dois primeiros prélios do ano como titulares e depois foram esquecidos. Marcelo Oliveira, que a princípio deveria jogar somente enquanto Eguren e França retomavam a forma física, foi o melhor jogador do time em janeiro, virou xodó da TEVÊ PALMEIRAS (VAMO BOMBAR TEVÊ PALMEIRAS!) e hoje é titular indiscutível na proteção à zaga - além de ser a primeira opção para a própria zaga na falta de Lúcio e Wellington. Aliás, o zagueiro de 22 anos foi mais uma grata surpresa do começo do ano. Lançado no time após a conturbada saída de Henrique, atuou de forma muito segura dando cobertura a Lucio até se contundir. Wendel, outro que aparentemente era carta fora do baralho, tem jogado muito bem e garantiu sua vaga no time titular - ao menos até a próxima janela de transferências.

INÍCIO AVASSALADOR, DESFALQUES E FREIO DE MÃO PUXADO

Depois da sofrível sofrida vitória contra o Linense na primeira rodada, uma viagem a Ribeirão e mais um jogo em ritmo de férias dobrou a pontuação do Palmeiras. Na estreia de Valdivia e Leandro em 2014, um massacre em Sorocaba, com destaque para Marquinhos Gabriel que entrou nos minutos finais, deu duas assistências e fez o que quis pela esquerda. Depois da vitória sobre a Penapolense, o Palmeiras viveu o seu melhor momento na temporada: 2 a 0 contra o SPFC, sem deixar o adversário finalizar sequer uma vez ao gol em quase 90 minutos. 

Depois da primorosa atuação no Choque-Rei, o time diminuiu o ritmo e jogou pro gasto. Duas vitórias pela diferença mínima e dois empates (um deles no Dérbi) precederam a derrota para o Botafogo-SP, em Ribeirão. O time entrou em campo com nove desfalques e foi dominado pelo líder do grupo B. Apesar da fraca atuação da equipe e da expulsão de Bruno César em seu segundo jogo pelo Palmeiras, o discurso foi exaustivamente repetido por jogadores e comissão técnica: a derrota veio em hora certa para ensinar lições ao grupo. Duas rodadas e duas vitórias depois, a classificação foi alcançada: 29 pontos ganhos de 36 disputados. Qual o caminho para ser campeão?

LIDERANÇA GERAL

A simbiose entre time e torcida no Pacaembu, mais ou menos como vimos na Libertadores 2013, será fundamental em uma disputa pelo título. O primeiro 'mata' já está confirmado no Municipal, contra Bragantino ou Rio Claro. Mas se quisermos decidir todas as fases em casa, é vital conquistar a liderança geral. Não vai ser tarefa fácil: o Santos (que também tem 29 pontos) está atropelando os seus adversários, e abrindo cada vez mais distância no saldo de gols. Caso ambos os times vençam seus próximos compromissos, tudo será decidido dia 23 quando o Palmeiras desce a serra pra encarar o rival litorâneo.

Foto: César Greco/Agência Palmeiras
BOA FORMA DE VALDIVIA E BRUNO CÉSAR...

Enquanto um faz parte da espinha dorsal, o outro acabou de chegar e nunca foi titular - mas ambos preocupam. Valdivia é o melhor jogador do elenco, e a mínima possibilidade dele estar fora reduz drasticamente qualquer chance do Palmeiras. A "saúde" do chileno precisa ser preservada para que ele chegue voando nas fases finais.

Já Bruno César parece longe da forma física ideal para jogar 90 minutos. É difícil falar isso da principal contratação da temporada, mas pelo tempo que ele vem se dedicando ao aprimoramento corporal, não deveria mais estar tão... roliço. É fundamental que ele adquira condições para jogar em alto nível em, no máximo, duas semanas.

...RECUPERAÇÃO DE DIOGO E LEANDRO

São os únicos pontas confiáveis no elenco. Leandro precisa se recuperar de corte na perna e, principalmente, recuperar o seu psicológico. É absolutamente compreensível que um garoto de 20 anos se perca, mas retomar o caminho é o que difere grandes jogadores de eternas promessas. 

Pela segunda vez, Diogo se contundiu quando poderia ter sequência no time titular. Sempre que entrou, empolgou e é, possivelmente, o não-titular mais importante do elenco. Precisa de sorte para parar de se lesionar.

CONTINUIDADE DE KARDEC E FERNANDO PRASS

As duas pontas da espinha dorsal do Palmeiras são os jogadores cuja performance individual mais encheu os olhos neste começo de temporada. Prass vive seu melhor momento desde que chegou ao Palmeiras: capitão, líder e organizador do time, tem demonstrado elasticidade e reflexo invejáveis. Já Kardec é um dos melhores jogadores da competição e chegou a ser cogitado pela imprensa paulista na seleção brasileira. É o típico jogador completo: técnico, tático, inteligente (sabe fazer a leitura e entender o jogo) e finalizador nato. Se a boa fase dos dois durar, grandes coisas podem acontecer.

Foto: César Greco/Agência Palmeiras
GERENCIAMENTO PERFEITO DE GILSON KLEINA

Um bom final de primeiro semestre do Palmeiras depende do planejamento de Gilson Kleina. O lituano precisa se atentar a pelo menos três pontos de suma importância: 1) rotação do elenco nos próximos quatro jogos, 2) definir um esquema que possa extrair o máximo dos jogadores, baseado no que viu de seu elenco, 3) conseguir recuperar a motivação do time. O terceiro ponto é o mais crítico: Kleina já falhou algumas vezes que precisou manter o seu time motivado. Em jogos importantes como a partida contra o Tijuana pela LA 2013 ou contra o CAP pela Copa do Brasil, o time entrou em campo apático e deixou-se ser dominado. Isso também aconteceu na Série B, depois da sequência de vitórias que deixou o time com folga na liderança e fez os atletas relaxaram, jogando para o gasto e protagonizando um último terço de campeonato horroroso. O próximo teste pode ser o último, dada a (falta de) paciência da torcida.

Desde 2009 não chegamos à fase final do Paulistão com tantas chances de vencer. É um time em construção - um grande clube em reconstrução. Que a 23ª taça de melhor time do Estado coroe a nossa ascensão.

Foto: César Greco/Agência Palmeiras

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