quinta-feira, 13 de março de 2014

[Coluna] Hora de acordar

Foto: Marcelo Zambrana/Inovafoto/Gazeta Press
por Dimitrius Pulvirenti

Após um bom início de ano, não há outra forma de resumir o desempenho do Palmeiras no restante do torneio: nas coxas. Se estava apenas fazendo o suficiente ou se sua qualidade apenas permite vitórias magras e sofridas contra times pequenos, o tempo dirá. Fato é que houve uma visível queda de produção desde a ótima vitória contra o São Paulo.

O Palmeiras sofreu com desfalques, sim. O principal deles, por incrível que pareça, foi a lesão de Wellington, que levou à improvisação de Marcelo Oliveira na zaga. Enquanto primeiro volante, MO estava em ótimo nível e até o seu TEVÊ PALMEIRAS VAMOS BOMBAR TEVÊ PALMEIRAS era muito mais empolgado. Josimar e Eguren não conseguiram substituí-lo com qualidade. Sem controle do meio-campo, o Palmeiras encontrou dificuldade nas transições ofensivas e defensivas. Nas cinco primeiras rodadas, a média de passes errados do Palmeiras era de 31,2. De lá pra cá, são 38,75 erros por jogo (e eu suspeito que o Palmeiras não tenha errado apenas 19 passes contra o Paulista, como afirma o Footstats, fonte desses dados).

No ataque, difícil dizer que Leandro tenha feito falta, uma vez que estava em má fase antes da lesão, mas tampouco nenhuma das alternativas ofensivas se consolidou, e passaram por lá Mazinho, Vinicius, Marquinhos Gabriel e Patrick Vieira. Diogo, seu substituto natural, também estava lesionado.

Graças a convocações e suspensões, Valdivia e Bruno César ainda não jogaram um jogo inteiro juntos. Por outro lado, Mendieta cresceu de produção e pode correr por fora como possível jogador decisivo no mata-mata. O paraguaio está mais solto em campo que Bruno César e é versátil taticamente: joga centralizado, na ponta ou até como segundo volante.

Com todos esses problemas, Kleina ainda não encontrou - ou não colocou para jogar - o time considerado ideal. O Palmeiras briga pela liderança geral, mas está longe de estar pronto. O gerenciamento do retorno de Bruno César foi estranho e sua (aparente falta de) forma física acendem a luz amarela para como o elenco vem sendo cobrado.

E o mais importante: Kleina, em toda sua passagem pelo Palmeiras, vem se mostrando incapaz de motivar o time. O desempenho apático contra o Atlético-PR, na Copa do Brasil, nos jogos decisivos da Série B e, por fim, na partida de ontem contra o Vilhena, são fortes indícios desse grave defeito.

Se depender do treinador, é difícil imaginar um Palmeiras mais motivado que qualquer adversário no mata-mata. A superioridade deverá ser, portanto, técnica, o que não ocorre caso se enfrente qualquer um dos grandes. O estímulo pode chegar, contudo, por outras vias: vitórias nessa reta final da primeira fase, sobretudo um bom jogo contra o Santos. Até agora, o time não empolgou o torcedor.

Oscilações no desempenho são normais, mas o Palmeiras não voltou a jogar bem e caminha para o mata-mata na descendente. As duas últimas partidas são essenciais para mudar essa percepção. É dificílimo ser campeão sem que o torcedor compre a ideia, sem que confie na possibilidade. Não é hora de poupar o time inteiro, como é possível. O momento de acelerar é agora. No mata-mata, pode ser tarde demais para tentar alcançar a velocidade dos rivais.

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