Ah, aqueles é que eram bons tempos. Tempos nos quais Roger Bernardo protegia a zaga alviverde tal qual o Kraken protegendo os mares nórdicos. Alceu e seu espírito destemido envergando a camisa dez. Max, sempre impiedoso na frente do gol, era o ídolo de toda essa gente. Um time pós-moderno, orquestrado por sábios como Marcelo Vilar.
Sim, durante anos e anos, a torcida palmeirense acostumou-se a elencos ruins. O atual, claro, não é nenhum primor, mas já podemos dizer que tem seu valor. Muito desse avanço ocorreu graças à providencial parada para a Copa das Confederações. Mendieta, Alan Kardec e Eguren, sem falar no menos cotado Felipe Menezes, foram contratados para ENCORPAR a pouco diferenciada esquadra palestrina.
Já há quem diga que o Palmeiras tem um grupo mais forte que o do São Paulo Futebol Clube. Tal querela não nos interessa no momento. A overdose de ruindade das últimas temporadas ainda cobra a conta. O grupo está organizado, mas o palmeirense continua agindo como se nossas esperanças estivessem nos pés de Misso e cia.
Uma doença que aflige muitos palmeirenses. Os sintomas variam de pessoa para pessoa. Entretanto, há casos registrados de pessoas que carregam todos os sintomas.
O primeiro deles é o sintoma Macaulay Culkin. Torcedor adora superestimar a qualidade dos contratados, tratá-los como prodígios. Se for alguém de nome, será decisivo, o craque do campeonato, um dinheiro bem investido. Se for uma promessa do interior (ou do estrangeiro), tratar-se-á de um achado, um diamante bruto escondido nos rincões do Brasil (ou do estrangeiro) e que apenas o seu time foi capaz de descobrir. Não poderá ser outra coisa senão decisivo, o craque do campeonato, um dinheiro bem investido. Basta um bom desempenho num rachão em vídeo divulgado pelo Lance! para ter uma prova irrefutável da qualidade utópica do atleta.
Foto: FoxNews |
Foto: The Guardian |
A verdade é que a única diferença entre o reserva e aquele que está em campo nos jogos é que só vemos o que está jogando. Sabemos bem de seus defeitos e qualidades. Em um time ruim, sabemos principalmente de seus defeitos. O desconhecido só possui milhares de potenciais qualidades, o que já o coloca como a melhor opção no elenco.
E, por fim, temos o sintoma Mary-Kate e Ashley Olsen. Um é pouco, dois é bom, mas três é demais. Se já está bom com um meia, vai ficar ainda melhor com dois. Apenas a presença de outro meia já é garantia de que jogaremos melhor. A lógica é simples: se com três volantes já está bom, imagina tirando um deles pra colocar um meia? O treineiro aparece com baboseiras como "o time ficará mais exposto" ou "perderemos o equilíbrio". Papo furado.
Foto: MoreThings |
A verdade é que não é bem assim que funciona. Entendo o desespero da torcida por ver o tal TIME IDEAL em campo. Mas não podemos pular etapas, achar que todos os contratados serão ídolos ou até mesmo que o tal time ideal será o melhor em todas as situações. O time está bem e vencendo. Mais importante: cabe ao treinador, além do rendimento dentro de campo, a coesão do grupo fora dele. É necessário que os novos jogadores ganhem a posição no campo, não pelo nome, não por serem novidades.
É preciso dar chance para que os outros, em um ambiente competitivo, cheguem ao seu máximo. Ao entrarmos num frenesi, podemos estar esquecendo de ver o que acontece em campo: o Vinicius fazendo boas partidas, o Wesley mostrando aquele jogador que se destacou no Santos, o Juninho sendo quem mais deu passes certos em toda a Série B. Vamos dar tempo ao tempo.
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